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O biólogo e a sociedade

A sociedade é inteiramente responsável por tudo que dela se origina, um conjunto de ações que podem delimitar o caminho em que uma pequena cidade ou até mesmo a humanidade pode seguir. Porém, independentemente das ações finais geradas por todos nós, membros da sociedade, temos cada um seu papel a cumprir.
Nós biólogos temos o dever de sermos membros participativos na sociedade e o nosso trabalho, na maioria das vezes muito científico, de algum modo deve ser transmitido para a sociedade para que esta se torne a par do que estamos fazendo e como fazemos o que fazemos, além é claro, de fazê-la entender o porque estamos realizando tais atividades.

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Assim sendo, conforme o texto que li no blog Crônicas de Um Biólogo Qualquer, do professor que conheci hoje e me deu aula, Raul C. Pereira, mestre em Ecologia e Conservação, com o título de “Natal, 30 mil reais e minha avó“, gostaria de falar um pouco sobre o nosso papel como biólogos e membros da sociedade.
Ricardo, numa forma bem simples, objetiva e extremamente didática, explica à sua avó como ele realizou a sua pesquisa de mestrado. Também revela o porque dele ter feito isso e porque fazer o mesmo com outras pessoas, conhecidas ou não.
A integridade da carreira de um biólogo, o seu nome e qualquer que seja as suas posteriores atividades após o momento de sua formação acadêmica (e claro, após o registro no CRbio), dependerá de como este se porta em relação á sociedade. Não importa qual será a sua pesquisa, se é com mamíferos do pantanal, ou com uma bactéria nova encontrada no esgoto de Campo Grande, seja qual for, o principal motivo de sua pesquisa é a sua utilidade pública, querendo ou não.
Imagine um mundo onde os pesquisadores realizassem suas pesquisas e divulgassem somente entre eles. O que seria da sociedade? Apenas observaria? Um biólogo de campo tem também as suas obrigações para cumprir, mesmo que aos olhos da sociedade uma pesquisa com anuros endêmicos do Cerrado não seja tão importante como uma pesquisa com células-tronco realizada pelo seu colega. As pesquisas em seu propósito principal devem criar soluções para tais problemas encontrados, e nesta parte a sociedade tem de ser informada, é essencial para que hajam soluções.
É neste momento que a ética profissional se torna importante, ainda mais. Podemos por exemplo citar o caso do sapo-de-barriga-amarela (Melanophryniscus admirabilis) que é endêmico de uma região de Mata Atlântica existindo somente no local onde está sendo construída uma Usina Hidrelétrica no município de Arvorezinha no Vale to Taquari. É claro que este fato se tornou de grande interesse público por ação da divulgação dos biólogos responsáveis pela pesquisa, preocupados com a preservação da espécie. Não levando em consideração as opiniões à favor ou contra a continuidade das obras, a sociedade através desta divulgação poderá se manifestar. Esse foi o papel que o grupo de pesquisa, responsável pela pesquisa na hidrelétrica, do professor Márcio Borges Martins da UFGRS.
Do mesmo modo, outros trabalhos que nós realizamos, mesmo que sejam “prejudiciais” a algum setor público ou não agradando todos da sociedade, deve ser divulgado. Quando digo prejudiciais me refiro ao fato acima citado, onde alguma minoria da sociedade e alguns setores públicos acham que a paralisação das obras vai contra o “progresso e desenvolvimento”. De qualquer forma, feliz o biólogo que num momento como este apresenta a sua ética profissional, preocupado em resolver este assunto de interesse coletivo.
Juntando os fatos, podemos então perceber que uma simples conversa com uma pessoa leiga como uma avó, tio, pai, mãe, e até mesmo uma discussão nacional acerca de uma pesquisa realizada por biólogos, proporciona o posicionamento da sociedade, o que a faz participar e opinar. A avó de Ricardo ficou contente por entender qual é a pesquisa que ele realiza, e a sociedade de uma forma geral ficará triste porque o governo não irá parar definitivamente as obras da usina em Arvorezinha – SC.
Podemos, como biólogos, fazer da ciência algo mais simples de ser entendido pelos leigos e ao mesmo tempo torná-la complexa para a sociedade de tal forma que possamos então explicar porque um pequeno sapo deve parar a construção de uma usina.
Viva a biologia!

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Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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