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Febre: Como se origina?

Todos nós já ficamos com febre e este fato sempre ocorria acompanhado de infecções, machucados, inflamações, ou algum outro dano ao nosso organismo. De qualquer forma, a febre sempre aparece quando o organismo está sendo prejudicado e sua função é extremamente importante no processo da cura ou solução do problema enfrentado.

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Muitos cientistas ainda dizem que a febre não é um sinal certeiro de algo prejudicial, inclusive existem estudos de casos em que a febre é originada sem “motivos aparentes”, não relacionadas com infecções por microrganismos, inflamações, ou qualquer outro dano que possa mostrar sintomas e sinais. É uma febre de motivo desconhecido, veja a definição exata:

A febre de origem indeterminada clássica é definida pela presença de temperatura axilar maior do que 37,8ºC, em várias ocasiões, pelo tempo mínimo de três semanas e que se mantém sem causa aparente após uma semana de investigação hospitalar. Tal conceito vem sofrendo alterações com o tempo e em decorrência das inovações médicas. Em resposta à evolução do conhecimento e às pressões ambientais, os casos de febre de origem indeterminada são atualmente classificados em quatro síndromes: clássica, nosocomial, no neutropênico, e no paciente infectado pelo vírus da imunodeficiência humana. No presente artigo procuramos definir e atualizar as informações sobre o assunto

Este trecho foi retirado na íntegra do resumo do artigo Febre de origem indeterminada em adultos de Lambertucci et al (2005) (Clique aqui para ver o artigo em  PDF).

Ainda assim, a febre na maioria dos casos é ocasionada por doenças, infecções, inflamações, etc, por danos ao organismo. Em nós a temperatura normal se encontra na faixa dos 37ºC até 37,8ºC, acima disso entramos em estado de febre, mas, como é que a febre surge?

Como surge a febre?
A origem da febre especificamente não é totalmente explicada, o que sabemos é que a parte do cérebro responsável pelo aumento da temperatura corporal e indução da febre se encontra no hipotálamo, numa área específica denominada área pré-óptica do hipotálamo.

> Veja aqui tudo sobre o hipotálamo

Nesta imagem, a área pré-óptica do hipotálamo está marcada como “núcleo pré-óptico”.
Esta área é extremamente irrigada (vários capilares próximos) e é muito sensível à certas proteínas que são precursoras da febre, essas proteínas são os chamados Pirogênios, que podem ser exógenos ou endógenos.
Os pirogêneos são proteínas derivadas dos lipídios (polissacarídeos e peptídeos) que estão associadas às células de defesa, os leucócitos, direta (endógeno) ou indiretamente (exógeno).
Pirogênios Endógenos: São proteínas termolábeis produzidas pelos monócitos, associadas aos macrófagos e neutrófilos, liberadas na corrente sanguínea, onde vão atuar diretamente na área pré-óptica do hipotálamo, estimulando-a para a liberação de novas proteínas que serão responsáveis por om conjunto de modificações fisiológicas para aumentar a temperatura corporal.
Pirogênios Exógenos: São proteínas de alto peso molecular e termorresistentes que estão associadas à bactérias gram negativas geralmente, porém também associadas à outros microrganismos. São conhecidas também como citocinas.
Estas duas proteínas podem então estimular a área pré-óptica do hipotálamo (APO) quando são produzidas e liberadas na corrente sanguínea. O pirogênio exógeno não estimula diretamente a APO, mas estimula os leucócitos, e estes em seguida produzem os pirogênios endógenos que atuaram na APO. Chegando na APO, as células sensíveis aos pirogênios estimulam uma rede de neurônios que se concentram também nesta região e assim, iniciam a produção de novas moléculas que serão liberadas no sangue. Estas novas moléculas (IL-1, IL-6, TNF) são produtos do Ácido araquidônico (AA), um importante ácido que está presente nas membranas das células corporais.
IL-1 e IL-6: Ambas são interleucinas, proteínas produzidas pelos leucócitos. A IL-1 é produzida pelo macrófago, sendo capaz de produzir defensinas no epitélio, capaz de ativar também novos linfócitos para produzirem também novas interleucinas, além de estar estritamente relacionada com a febre. 
Já a IL-6, também produzida pelo macrófago, tem a função principal de aumentar a produção de leucócitos na medula óssea, atuando no hipotálamo também quando relacionada com o estado febril, estimulando também a produção de citocinas.
TNF: É uma proteína expressa nas membras das células de defesa associada à inflamações.
Ambas vão atuar, neste caso, no aumento da atividade do sistema imunológico, bem como diretamente no hipotálamo para ativar os mecanismos secundários que irão ocasionar a febre.
Os cientistas chamam o ponto de equilíbrio da temperatura corpórea de “Set Point”. Segundo as pesquisas, estas moléculas (IL-1, IL-6 e TNF) atuarão ativando possivelmente os mecanismos de AMPc por meio da PGE2 principalmente.
A adenosina 3′,5′-monofosfato cíclico (cAMP ou AMP cíclico) é uma molécula importante na transdução de sinal em uma célula. É um tipo de mensageiro secundário celular que atua, quando no estado de febre, em conjunto com a PGE – Prostaglandina E2, que é uma porteina importante mediadora de sinais, envolvida principalmente nos sinais intracelulares.
Após ativação da região pré-hipotalâmica…
Depois da ativação desta região, mecanismos secundários serão envolvidos, atuando então no “Set Point”, no centro de controle da temperatura corporal, provocando modificações diversas na corrente sanguínea, como a vasoconstrição para conservação do calor, além do aumento da atividade do sistema imune estimulando a produção de citocinas derivadas da ação primordial e fundamental exercida pelo pirogênio exógeno (vindo de uma infecção bacteriana, por exemplo) ativando os leucócitos e produzindo os pirogênios endógenos.
Resumindo:


O calor da febre é provocado principalmente porque ocorre a vasconstrição, ou seja, a diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, e o fluxo sanguíneo constante num espaço menor aumenta o calor.


Assim, o calor corpóreo fica retido no organismo e é muito mais difícil de ser perdido, porque na vasoconstrição os capilares se distanciam da pele, o que torna menor ainda o fluxo de calor para o meio externo. Conservando o calor, aumentando a temperatura corpórea, os organismos patogênicos podem morrer.

Referências: 
Lambertucci, J.R; Ávila, R.E; Violeta, I. Febre de origem indeterminada em adultos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38(6):507-513, nov-dez, 2005.

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Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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