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O perigo dos ônibus de transporte público

Milhões de brasileiros pegam ônibus circulares todos os dias, segundo pesquisas realizadas por Lanzoni et al (2011), 43% da população brasileira utiliza o transporte público.
A maior capital do país, São Paulo, possui atualmente cerca de 2.000.000 de usuários de ônibus circulares, que torna estes veículos um abrigo gigante para milhares de microrganismos que podem causar diversas doenças em nós.
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Vários estudos já foram realizados para identificar as espécies de microrganismos que os passageiros estão em constante contato durante suas idas e vindas pelos ônibus que circulam as cidades. Um destes trabalhos que achei muito interessante foi o de Mendonça et al (2008) que realizou um estudo em São Paulo coletando, em 40 ônibus, 120 amostras colhidas de balaustres dos veículos.
Ele encontrou 22 espécies e ainda foram relatados possíveis achados de cistos de protozoários e ovo de um verme nematóide, veja a figura abaixo (clique para ampliar):

Observe na figura todas as espécies encontradas:

Micrococcus sp.
Burkholderia mallei
Bacillus subtillis
Acinetobacter baumanii
Staphylococcus coag.
Enterobacter
sp.
Acinetobacter calcoaceticus
Staphylococcus aureus
Pseudomonas putida
Acinetobacter lwoffi
Escherichia coli
Pseudomonas mendocina
Pseudomonas fluorescens
Pseudomonas pseudoalcaligenes
Burkholderia pseudomallei
Alcaligenes faecalis
Pseudomonas aeroginosa
Candida sp.
Sphingobacterium multivorum
Pseudomonas stutzeri
Enterococcus

Streptococcus do grupo viridans

Micrococcus sp

Dentre todas as espécies encontradas, a bactéria Micrococcus foi a mais frequente, com 21,30% de presença em todas as 120 amostras coletadas nos 40 ônibus. Estas bactérias são agentes da população microbiana normal da pele, mucosa e orofaringe. Seus mecanismos de virulência não são conhecidos, portanto, são aparentemente inofensivos e raramente implicados em doença, São microrganismos que existem na vida livre, no ambiente. Em cultivo no laboratório as colônias são muito coloridas, e com tonalidades avermelhadas.

Burkholderia mallei

Burkholderia é um gênero de bactérias gram-negativas da família Burkholderiaceae.
O gênero Burkholderia é composto por: bacilos retos; Gram negativos; oxidase e catalase positivos; com uma proporção de G+C que oscila entre 59 e 69,5 %. São bactérias móveis com um flagelo polar único ou com um penacho de flagelos polares de acordo com as espécies. Também são mesófilos e não esporulados. Seu metabolismo é aeróbico. Como sustância de reserva utilizam o polihidroxibutirato.
Ecologicamente são saprófitas que intervêm na reciclagem de matéria orgânica. As bactérias de este gênero podem ser patógenas para os seres humanos e os animais, como Burkholderia mallei agente causal do mormo.
Mormo ou lamparão é uma doença infecciosa que ataca primariamente cavalos, asnos e mulas, podendo também ser contraída por outros animais, tais como cachorros, gatos,bodes e inclusive o homem. Os sintomas do mormo incluem lesões nodulares nos pulmões, mucosas nasais e gânglios linfáticos, além de secreção nasal catarro-purulento. Há ainda febre, tosse, epistaxe, dispinéia e emagrecimento progressivo até a caquexia.
Acinetobacter baumanii
É uma bactéria gram-positiva que está presente amplamente no solo, sendo a segunda mais isolada nos humanos. Geralmente não infecta humanos, porém causa infecções oportunistas principalmente nas vias respiratórias e tratos urinários.
Staphylococcus aureus
Staphylococcus aureus, também conhecido como estafilococo-dourado, é uma espécie de estafilococo coagulase-positivos. Juntamente com a Escherichia coli, é uma das mais antigas bactérias simbiontes do homem. Porém, em grandes quantidades, pode ser uma virulenta espécie do seu género, devido à presença de toxinas.
Têm forma esférica (são cocos), cerca de 1 micrómetro de diâmetro, e formam grupos com aspecto de cachos de uvas com cor amarelada, devido à produção de carotenoides, sendo daí o nome de “estafilococo dourado”. Cresce bem em ambientes salinos.
Cerca de 15% dos indivíduos são portadores de S.aureus, na pele ou nasofaringe. A infecção é frequentemente causada por pequenos cortes na pele.
Escherichia coli
Existem, enquanto parte da microbiota normal no intestino, em grandes números. Cada pessoa evacua em média, com as fezes, um trilhão de bactérias E.coli todos os dias. A doença é devida à disseminação, noutros órgãos, das estirpes intestinais normais; ou nos casos de enterite ou meningite neonatal à invasão do lúmen intestinal por estirpes diferentes daquelas normais no indivíduo.
A presença da E.coli em água ou alimentos é indicativa de contaminação com fezes humanas (ou mais raramente de outros animais). A quantidade de E.coli em cada mililitro de água é uma das principais medidas usadas no controlo da higiene da água potável municipal, preparados alimentares e água de piscinas. Esta medida é conhecida oficialmente como índice coliforme da água.
Fezes? Isso mesmo, a E. coli está muito fortemente relacionada às fezes e imagine então como ela foi parar dentro de um ônibus! Ehhhhrg!
Pseudomonas
Outros microrganismos muito nocivos para nós, encontrados no estudo, foram as bactérias do gênero Pseudomonas. As bactérias Pseudomonas são bacilos gram-negativos retos ou ligeiramente curvos, com dimensões entre 0,5 – 1,0µm de largura e 1,5 – 5,0µm de comprimento, não formadores de esporos. Estas bactérias são móveis através de flagelos polares. A ampla distribuição ambiental das Pseudomonas é assegurada por suas exigências simples de crescimento, apresentando crescimento em temperaturas de até 42°C.
As infecções por Pseudomonas aeruginosa são principalmente oportunistas, apesar de crescerem em praticamente qualquer ambiente e poderem colonizar indivíduos saudáveis, associadas a pacientes imunocomprometidos com neutropenia, diabetes mellitus, queimaduras extensas e neoplasias são comumente ligadas à infecção por estes microrganismos.

Candida sp
Note que até Candida sp. foi encontrado também, independentemente da sua frequência ser menor que 1%, mas a sua presença de qualquer forma foi registrada, o que significa que pode ter sido transmitida para outras pessoas.

Sete em cada dez mulheres são afetadas pela doença pelo menos uma vez na vida. Para evitá-la, siga as recomendações da ginecologista Lana Aguiar, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e do dermatologista Ricardo Shiratsu, do Ambulatório de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal de São Paulo.
O que é candidíase?
É uma infecção provocada pelo fungo Candida sp. Ele não aparece só na vagina, embora esse seja o local mais atacado: também pode se instalar na boca (causando o popular sapinho) e, mais raramente, no esôfago, provocando uma inflamação na mucosa desse órgão.
Qual é a origem do fungo?
Ele habita naturalmente a vagina e o trato gastrointestinal, e lá permanece quieto se não houver fatores que favoreçam a sua multiplicação, como imunidade baixa e umidade e calor excessivos. É por isso que depois de um resfriado (quando a resistência diminui) e durante a menstruação (quando as alterações hormonais tornam o meio vaginal mais convidativo à proliferação do fungo), por exemplo, é mais comum a doença aparecer. O uso de protetores diários de calcinha também é um vilão, porque abafa a região íntima e a deixa mais úmida, como o fungo gosta.
Como a doença se manifesta?
Por meio de um corrimento esbranquiçado, coceira vaginal e ardor na hora de urinar.
Veja mais sobre esta doença aqui.

Dentre as outras doenças eu destaquei estas como as principais.

Imagine agora em quantas bactérias você, que pega ônibus circular, encosta todos os dias? Quantos minutos você fica no ônibus, 20, 30, 50, mais de uma hora? Quanto maior o tempo de contato, maiores são os riscos de infecção.

DOENÇAS

Estafilococos-dourado causado por Staphylococcus aureus
Candida sp.

Elevado grau de infecção por Pseudomona sp.

Elevados casos de mormo (Burkholderia pseudomallei) colocou Ceará em risco.

Previna-se

Adote o saudável hábito de chegar em casa após descer do ônibus e lavar muito bem as mãos, se possível tome até um banho se houve muito contato com as pessoas do ônibus. Simplesmente lavando as mãos você pode evitar uma doença grave, e terá muito menos chances de ser afetado por estas bactérias que são tão comuns e podem provocar graves danos e levar à morte, dependendo do grau da infecção.

Andar de busão é difícil imagine agora sabendo sobre estas bactérias!

Referências

Lanzoni, CO; Scariot, CAi; Spinillo, CG. Sistema de informação de transporte público coletivo no Brasil: algumas considerações sobre demanda de informação dos usuários em pontos de parada de ônibus. InfoDesign. São Paulo. v. 8. n. 1 [2011], p. 54 – 63 | ISSN 1808-5377.



Mendonça RGM, Olival GS, Mimica LMJ, Navarini A, Paschoalotti MA, Chieffi PP. Potencial infeccioso do transporte público de passageiros da cidade de São Paulo. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2008; 53(2):53-7.
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Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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