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Resumo do Livro Fundamentos em Ecologia (3ª ed) – Parte 1

Estou de férias da faculdade, mas os estudos não param. Comecei a ler o livro Fundamentos em Ecologia de Townsend, Begon e Harper, 3ª edição – 2010, um livro importantíssimo para todos nós biólogos e principalmente para quem vai cursar algum mestrado, doutorado e pretende ser um ecólogo.
Para ajudar os leitores que gostam de ecologia, eu resolvi fazer uma série de posts sobre as leituras que estou fazendo do livro. Esta é a primeira parte! Vamos lá.
CAPÍTULO 1 – A ECOLOGIA E COMO ESTUDÁ-LA

Atualmente a ecologia é um assunto sobre o qual quase todo mundo tem prestado atenção e a maioria das pessoas considera importante – mesmo quando elas não conhecem o significado exato do termo. Não pode haver dúvida de que ela é importante, mas isso a torna ainda mais crucial quando compreendemos o que é ela e como estudá-la.

Com base nessa frase o livro inicia o primeiro capítulo fazendo algumas perguntas como “O que é ecologia?” ou “Como definimos a ecologia?”. Os autores vão ainda mais além, e lançam perguntas como “O que os ecólogos fazem?” “Em que os ecólogos estão interessados?” ou “Onde a ecologia emerge em primeiro lugar?” Para responder estas questões foram abordados os pontos históricos desta ciência.
Marcos Históricos – Definições de Ecologia
A ecologia (orginalmente em alemão Ökologie) foi definida pela primeira vez em 1866 por Ernest Heackel, um discípulo de Charles Darwin. Ele dizia que a ecologia era uma ciência capaz de compreender a relação do organismo com o seu ambiente. Posteriormente, em 1893, Burdon Sanderson entendia a ecologia como “uma ciência que se ocupa das relações externas de plantas e animais entre si e com as condições passadas e presentes de suas existências”. Depois de Haeckel, Burdon, vários outros ecólogos surgiram e alguns traziam consigo seus conceitos e definições para tal ciência, como Tansley (1904), Elton, (1927), Andrewartha (1961) e Krebs (1972) responsável por propôr inicialmente o termo que seria o mais adequado para tal ciência “o estudo científico das relações que determinam a distribuição e abundância dos organismos”.
Um outro importante ecólogo, Ricklefs, quase cem anos depois de Haeckel, em 1973, escreveu em seu livro-texto, a definição da ecologia como “o estudo do ambiente natural, particularmente as relações entre organismos e sua adjacências”. Desde então, reunindo todas as definições juntamente com a de Krebs, os fisiologistas vegetais e animais entraram em consenso. Temos então:

O que é Ecologia?
É o estudo científico da distribuição e abundância dos organismos e das interações que determinam a distribuição e abundância.
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Desde então, muito se tem falado sobre as áreas de atuação da ecologia e como ela possibilita a solução dos problemas encontrados pelos ecólogos. Ainda hoje muitos problemas fundamentais da ecologia continuam não resolvidos, como:
– Até que ponto a competição por alimento determina que espécies podem coexistir em um habitat?
– Que papel a doença desempenha na dinâmica das populações?
– Porque existem mais espécies nos trópicos do que nos polos?
– Qual a relação entre produtividade do solo e estrutura da comunidade vegetal?
– Porque algumas espécies são mais vulneráveis à extinção do que outras? Entre outras.
Os autores enfatizam que naturalmente, questões não resolvidas, quando bem focalizadas apresentam um sinal de saúde e não de doença de uma ciência. Só que a ecologia não é uma ciência nada fácil. Ela possui sutilezas e suas complexidades em parte porque existem milhões de espécies diferentes, bilhões de indivíduos geneticamente diferentes todos interagindo entre si em um mundo com suas variáveis e em transformação.
Os ecólogos procuram basicamente Explicar e Compreender
Na biologia existem duas formas de explicações, a “imediata” e “final”. Os autores dizem:

Por exemplo, a distribuição e a abundância atuais de uma determinada espécie de ave podem ser “explicadas” pelo ambiente físico que tolera, pelo alimento que ela consome e os parasitos e predadores que a atacam. Essa é uma explicação imediata – uma explicação em função do que está acontecendo “aqui e agora”. Entretanto, podemos também perguntar como essa espécie de ave adquiriu essas propriedades que agora parecem governar sua vida. Essa questão deve ser respondida por uma explicação em termos evolutivos; a explicação final da distribuição e abundância atuais dessa ave baseia-se nas experiências ecológicas de seus ancestrais.

Os ecólogos de uma forma geral tendem muitas vezes a prever o que acontecerá a uma população de um organismo sob um conjunto de várias circunstâncias e com base nessas previsões eles tentam controlá-los e prevê-los. Podemos citar um exemplo, quando imaginamos procurar minimizar os efeitos de pragas de gafanhotos prevendo quando eles provavelmente ocorrerão e agindo de acordo com isso. Outro exemplo a ser citado é o modo como exploramos mais efetivamente as plantas de lavoura prevendo quando as condições se tornarão mais favoráveis para a cultura e desfavoráveis para os seus inimigos.

De grosso modo, as previsões só podem ser realizadas quando nós pudermos explicar e compreender o que está ocorrendo. Portanto, basicamente este livro trata de:

– Como a compreensão ecológica é alcançada
– O que compreendemos (mas também o que não compreendemos)
– Como a compreensão pode nos ajudar a prever, manejar e controlar.

Espero que tenham gostado deste primeiro resumo. Estou preparando outros para os posts não ficarem grandes. Os próximos conteúdos são:

– Escala, diversidade e Rigor (a importância da estatística, aspectos quantitativos)
– Ecologia na prática (A truta marrom da Nova Zelândia – efeitos sobre indivíduos, populações, comunidades e ecossistemas)

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Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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