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Nicho ecológico – Definições

Este post é uma continuação do post “Condições e Recursos – Ecologia“. Para entender completamente o conceito de nicho ecológico, sugiro que leia o post anterior.

Conforme vimos no post anterior, as condições e recursos são dois importantes fatores na vida de um organismo, não importa qual seja o seu tamanho, idade, estrutura corporal, se é um vegetal ou animal, tanto faz, são elas que delimitam onde e como um organismo vive em seu ambiente.

Definição de nicho ecológico

Segundo TOWNSEND et al (2010), o nicho ecológico é um resumo das exigências e tolerâncias de um organismo. Ele não é um habitat. Na verdade um habitat, como o rio, pode oferecer os mais variados tipos de nichos, de acordo com as exigências e tolerâncias em relação às condições e recursos que permitem a sobrevivência e sucesso de um organismo.

Resumidamente, um nicho é um conjunto de condições (abióticas) e recursos (bióticos) que descrevem como em vez de onde um organismo vive.

Este conceito foi proposto por Hutchinson em 1957 e se refere às maneiras pelas quais as tolerâncias e exigências interagem na definição dos recursos e condições necessárias para que uma espécie cumpra seu modo de vida.

Porém, muitas vezes o nicho ecológico é empregado de maneira errada. Eu citei no post “Má difusão do Conhecimento Científico – Prejuízos para a Ciência” os grandes erros cometidos por vários sites quando as pessoas tentam transmitir uma informação científica resumida à torto direito. O mesmo erro acontece com o nicho ecológico e as pessoas costumam a falar que um nicho ecológico é o local onde um organismo vive, como por exemplo “o nicho ecológico do peixe é o rio”.

O local onde um organismo vive é o seu habitat, o nicho de um peixe ou de qualquer outro organismo não é um habitat.


A temperatura é uma condição que influência na sobrevivência e reprodução de todos os organismos. Porém os organismos apresentam faixas de tolerâncias de temperatura diferentes. Por exemplo, existem duas espécies de cascudos em um lago, ambas se alimentam do mesmo tipo de algas que se fixam em pedras, porém uma espécie de cascudo se alimenta mais entorno dos 50 cm de profundidade, enquanto a outra se alimenta mais próxima da superfície. Veja o exemplo que fiz, abaixo:

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Esquema ilustrando a separação de nicho de duas espécies de cascudo devido a preferência de ambas por temperaturas diferentes, onde consequentemente acabam ocupando nichos distintos e ocorrendo em profundidades distintas também.

A figura revela a importância da temperatura para as duas espécies, porque como sabemos, os peixes são poiquilotérmicos “sangue frio” e suas temperaturas corpóreas se ajustam de acordo com a temperatura do meio. Evolutivamente falando, a seleção natural trabalhou favorecendo cada espécie em sua temperatura específica, já que ambas se alimentam das mesmas espécies de algas e musgos nas pedras.

Então, podemos ver que a temperatura por si só é uma dimensão de um nicho ecológico, e ela ainda pode ser várias outras dimensões. Isso porque ela é uma condição. Nós temos ainda os recursos. No exemplo dos peixes mesmo, o local/território em que se alimentam pode ser considerado uma dimensão também do nicho, justamente porque eles se alimentam em locais distintos.

Por isso o conceito de nicho mais aceito é o nicho n-dimensional.


Nicho n-dimensional

Este conceito apenas reforça a ideia das diferentes dimensões que um nicho pode ter. Vimos no exemplo do peixe que a temperatura pode ser uma dimensão no nicho de espécies diferentes, onde cada uma tem a sua preferência por uma temperatura específica. Além disso vimos também que as espécies de algas e musgos que os peixes comem ,sendo diferentes, dariam uma nova dimensão ao nicho delas. Sem contar ainda na profundidade onde cada espécie se alimenta, o que também é uma dimensão de nicho.

Então, o n do nicho n-dimensional, representa as várias possibilidades que temos de descrever os nichos de uma espécie, onde podemos encontrar a temperatura, recursos alimentares, locais de forrageiro, pH, etc.

É isso! 

Espero que tenha gostado deste post e se não gostou ou tem alguma sugestão, por favor, comente abaixo!


Referências: TOWNSEND, C. R; BEGON, M. & HARPER, J. L. Fundamentos em Ecologia. 3ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 576p.

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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