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Resumo do Livro Fundamentos em Ecologia (3ª ed) – Parte 3

Olá amigos! Hoje vamos continuar a série de resumos do livro Fundamentos em Ecologia (3ª Edição) de Townsend, Begon e Harper.
Para você ficar à par do que já foi escrito, acesse os outros dois posts anteriores:

Resumo do Livro Fundamentos em Ecologia (3ª ed) – Parte 2

CAPÍTULO 1 – A ECOLOGIA E COMO ESTUDÁ-LA
Continuação…

1.3 Ecologia na Prática
1.3.4 Um modelo de estudo: descobrir porque abutres asiáticos está em via de extinção
Em 1997 vários abutres da espécie Gyps bengalensis e G. indicus começaram a morrer na Índia e Afeganistão. Amostragens em 2000 e 2003 demonstraram claramente o grande declínio populacional, de 48% para G. bengalensis e 50% para G. indicus.
Os animais continuavam morrendo porém os ecólogos não conseguiam explicar a origem da morte. Até que depois de várias autópsias foi encontrado um ponto comum entre as mortes: uma gota visceral, ou seja, um acúmulo de ácido úrico na cavidade do corpo, seguida pela falência renal. Esses abutres, continham resíduos de um medicamento chamado Diclofenaco.
As carcaças que os animais ingeriam eram de bovinos que recebiam o medicamento Diclofenaco, um medicamento anti-inflamatório desenvolvido em 1970  para uso em humanos, mas começou a ser usado recentemente na Índia e Paquistão em mamíferos domésticos.
Os ecólogos ainda assim não tinham provas suficientes para provar que a causa das mortes foi por causa da ingestão de carcaças que continham o medicamento. Para comprovarem e determinarem exatamente a causa das mortes, os ecólogos utilizaram novamente a matemática, e através de modelos populacionais realizaram vários testes e criaram fórmulas matemáticas.
O que eles conseguiram foi elaborar uma pergunta que através de um modelo matemático daria a resposta à causa das mortes:
Que proporção de carcaças deveriam conter Diclofenaco em doses letais para causar os efeitos observados nas populações?

Com base nessa pergunta e no modelo matemático criado, os pesquisadores concluíram que para G. bengalensis 1 em 135 carcaças deveria conter uma quantidade suficientemente letal para causar o efeito observado nessa espécie. E para G. indicus 1 em cada 715 carcaças deveria estar contaminada para causar o efeito observado na população dessa espécie.
Os abutres são extremamente importantes para o ecossistema, pois realizam a limpeza de restos animais, o que evita o contato de outros possíveis animais com a carcaça e consequentemente evita que doenças possam ser disseminadas por animais que se alimentariam dela, como felinos e canídeos. Além disso, prestam um grande serviço à nós humanos, afinal, quanto teríamos que aguentar de cheiro ruim se esses animais não existissem, não é verdade?
Os pesquisadores concluíram também que devem ser testados outros medicamentos para uso veterinário para evitar a morte dos abutres. Alguns estados da Índia e Afeganistão proibiram a comercialização do Diclofenaco.
Com base nesse estudo, nós podemos entender a importância de um ecólogo numa situação que envolva a morte de vários animais, mesmo sendo eles abutres, e podemos também observar que sem a matemática a biologia não se torna uma ciência completa.
Esse exemplo ilustrou pontos principais sobre modelos matemáticos em ecologia:
  1. Modelos matemáticos podem ser valiosos para a exploração de cenários e situações para os quais não temos dados reais e talvez não tenhamos expectativas de obtê-los.
  2. São valiosos para resumir nosso estado atual de conhecimento e gerar previsões em que a conexão entre conhecimento atual, suposições e previsões  seja explicitada e esclarecida.
  3. Os modelos não explicam o que é real, eles simplesmente demonstram com bases matemáticas uma história de vida real.
  4. Portanto, deve-se ter cuidado pois todas as previsões e suposições são provisórias e a interpretação dos dados devem ser realizadas da melhor forma possível, onde poderá ser muito útil (como no caso dos abutres, onde a pesquisa causou uma modificação e o cuidado no uso de medicamentos em ainmais).
  5. Contudo, um modelo se torna muito mais confiável quando utiliza-se de dados reais.

RESUMO DO CAPÍTULO 1

Ecologia como uma ciência pura e aplicada
Definimos ecologia como o estudo científico da distribuição e abundância de organismos e das interações que determinam a distribuição e abundância. A partir de suas origens na pré-história como uma “ciência aplicada” de colheita de alimento e evitação do inimigo, as linhas gêmeas de ecologia pura e aplicada se desenvolveram lado a lado e interdependendetes.  Este livro trata de como é consumada a compreensão ecológica, o que compreendemos e não compreendemos, e como a compreensão nos auxilia a prever, manejar e controlar.
Questões de Escala
A ecologia se ocupa de quatro níveis de organização ecológica: indivíduos, populações, comunidades e ecossistemas. Ela pode ser abordada por uma série de escalas espaciais (desde a comunidade de patógenos em uma célula individual até toda a biosfera) ou podem abordar uma série de escalas de tempo, como a sucessão ecológica de uma área.

Em breve, mais conteúdo dando continuidade aos próximos capítulos do livro.
Aguardem! Se gostou, deixe um comentário abaixo!

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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