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Pretendo pesquisar animais selvagens – o que devo fazer?

A pedidos da leitora Bárbara Moreira e também de diversos outros estudantes e acadêmicos de biologia, escrevo este post para relatar a minha experiência como estudante-pesquisador e também como futuro pesquisador na área de ecologia, em especial, com estudos de mamíferos, que é a área que pretendo seguir e me especializar.

Para deixar o post bem explicativo e de fácil entendimento, vou resumi-lo nas principais perguntas que recebi dos estudantes. Vamos lá!

PARA ESTUDAR ANIMAIS SELVAGENS PRECISO FAZER O CURSO DE BIOLOGIA BACHAREL?

O curso de biologia bacharel é todo voltado para a formação de biólogos pesquisadores, porém, independentemente se o biólogo for licenciado, ele pode atuar sim com pesquisas relacionadas aos animais selvagens. Recomendo, para quem já tem certeza de onde quer atuar, no caso, com animais selvagens, que façam o curso de biologia bacharel mesmo, pois não tem sentido nenhum fazer o de licenciatura se você não pretende atuar dando aulas.

Eu escolhi o curso de biologia bacharel, justamente porque desde sempre quis atuar com pesquisas em campo, estudando animais. Depois, ao longo do curso, após conhecer o no projeto queixada, confirmei que a minha área de atuação seria a mastofauna. Mas, para conseguir saber se era isso que eu realmente queria, eu ralei e contatei muitos pesquisadores. Veja a dica abaixo.

COMO CONSIGO UMA PESQUISA NA ÁREA QUE QUERO?

Essa é a pergunta que mais recebo e a resposta é bem simples: corra atrás. Não fique esperando surgir um pesquisador te convidando para realizar a pesquisa com o animal que você mais gosta, isso provavelmente nunca irá acontecer. Corra atrás dos seus objetivos. Independentemente de onde mora, vá atrás da pesquisa que quer realizar. Por exemplo, meu amigo Gabriel é de São José dos Campos – SP, gosta muito do Pantanal aqui do Mato Grosso do Sul, e buscou realizar um estágio para conhecer o local e as atividades que a Embrapa Pantanal realiza. Ele ficou quase 1 ano estagiando e depois se mudou para cá, transferindo o curso para a Universidade Federal do MS em Corumbá, porque ele encontrou o que tanto queria.

Faça como ele, corra atrás, faça contatos com diversos pesquisadores da área que pretende atuar, fale sobre suas idéias e projetos, mande emails, recados no facebook, enfim. Contate as pessoas que podem te ajudar, tire suas dúvidas e faça todo tipo de pergunta pertinente para esclarecer tudo que ainda não sabe. Não desista.

Após conhecer o projeto queixada e ter a certeza do que eu queria, bastou apenas correr atrás do meu próximo objetivo, que era conhecer alguém da Embrapa Pantanal (onde sonho em trabalhar) para poder me orientar no projeto de mestrado, pois eu queria estudar alguma espécie de mamífero no Pantanal. E, devido ao constante envio de emails e encheções de saco, consegui conhecer o meu atual orientador, Walfrido Tomas, médico veterinário e mestre, uma das principais referências no estudo com mamíferos do país. E pronto! Agora estou me matando de estudar, para passar no  mestrado e continuar trilhando o caminho que sempre quis, ao lado de um grande e importante pesquisador que trabalha na instituição de pesquisa que eu pretendo trabalhar futuramente. Estou feliz, e muito. Mas, a faculdade não foi nem um pouco fácil não, tive que deixar de fazer muitas coisas, muitas mesmo, para poder correr atrás dos meus sonhos. Ser um estudante bolsista do prouni (100%) e ainda não ter dinheiro, é tenso demais. Me orgulho de poder ter chegado onde sempre quis e me orgulho mais ainda de não ter desistido por nada. Então, não desista, jamais.

O mesmo vale também para quem quer estudar animais marinhos. Se mora em algum local muito distante do litoral, não tem porque temer! Corra atrás, busque realizar estágios ao longo da graduação, em ongs e projetos de pesquisas em biologia marinha. Existem dezenas de vagas, ou até centenas, disponíveis todos os anos. Os estagiários na maioria das vezes ficam no máximo 6 meses nos projetos. Faça contatos com professores de mestrado, doutorado, e até professores de graduação, que podem estar atuando na área de biologia marinha. Faça como eu, e conseguirá tudo que pretende alcançar. Mas lembre-se, que nada irá ser fácil não e se tudo parecer muito fácil, desconfie!


BUSQUE SEMPRE EVOLUIR, ESTABELEÇA METAS CURTAS E ALCANCE-AS!

Não tenha medo de arriscar. Faça tudo que gosta e será um ótimo profissional independentemente da sua área de atuação. 

Queira sempre melhorar, evoluir tanto na profissão quanto mentalmente. Para facilitar a sua vida, estabeleça as suas primeiras metas a serem alcançadas, as mais curtas e rápidas e trabalhe duro para que as cumpra! 

Por exemplo, se quer ser pesquisador(a) e estudar determinada espécie de animal, a sua primeira meta pode ser encontrar um pesquisador que te oriente num trabalho de conclusão de curso, para que possa realizar o mesmo com a espécie que deseja. Após alcançá-la,  estabeleça outras, como concluir o curso se dependências, ou concluir o curso e ser aprovada num mestrado que deseja.

COMO ESTÁ O MERCADO DE TRABALHO PARA PESQUISADORES? TEM COMO TRABALHAR ESTUDANDO ANIMAIS SELVAGENS?

O mercado de trabalho está ainda melhor e tende só a aumentar. É grande o número de pesquisadores atuando nas mais diversas ongs ambientais espalhadas por todo o país e fora dele também. Com certeza, engrenando no mestrado, você terá oportunidades de conhecer pesquisadores de ongs. O salário varia de acordo com a sua qualificação, graduação, mestre e doutor. Porém, você pode atuar como pesquisador de instituições de pesquisas, como no meu caso, onde pretendo prestar um concurso para pesquisador da Embrapa Pantanal. Existem diversas outras embrapas espalhadas pelo país, como Embrapa Gado de Corte, Embrapa Cerrado, Embrapa Caatinga, Embrapa Amazônia (e outros biomas), o INPA, Instituto Butantan (herpetofauna), etc, além de universidades particulares e também as federais, onde você pode realizar pesquisas e ser docente ao mesmo tempo.

Base de pesquisa da Embrapa Pantanal no Pantanal da Nhecolândia – Corumbá/MS

Esses são os principais locais de trabalho para quem deseja realizar pesquisas com animais selvagens: ongs ambientais, institutos de pesquisas (geralmente do governo) e universidades.

Os salários são bons. Pesquisadores de ongs ganham numa faixa de 2.500 a 3000 reais quando recém-formados e o salário aumenta bastante quando se faz o mestrado e doutorado. Um professor-pesquisador e doutor de uma universidade federal ganha no mínimo 10.000 reais, e, de acordo com as suas pesquisas e participações em eventos, juntamente com a produtividade, diversos “bônus” são acrescentados ao salário.

Eu optaria por um desses caminhos para ser pesquisador de animais silvestres.

Pesquisador Arnaud Desbiez e crianças ao lado de um filhote de tatú-canastra
Ser pesquisador pode ser muito gratificante, mais do que você imagina.

Espero que tenha ajudado vocês. Não deixem de comentar logo abaixo, com o facebook ou com o formulário normal de comentário, nem precisa de cadastro ou login, é rápido, fácil e me ajuda a melhorar o blog.

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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