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Tartarugas-marinhas: principais ameaças

Esse post é uma continuação do post Biologia das Tartarugas-Marinhas e nele vou abordar alguns dos pontos mais importantes para a conservação desse répteis extraordinários.

As tartarugas marinhas são ameaçadas mundialmente, pois sua migração é de uma costa a outra, nadando por todo o oceano. Por conta disso, são extremamente vulneráveis a todas as formas de ameças. No Brasil, segundo o IBAMA, estão na lista oficial de animais ameaçados de extinção.

Principais ameaças

A ocupação desordenada no litoral, como empreendimentos turísticos e o crescimento de áreas urbanas próximas às praias, provocam alterações nas condições naturais das áreas de desova.

Ilustração do projeto TAMAR para conscientização sobre as ameaças às tartarugas-marinhas.

Um dos problemas principais desta urbanização é a iluminação artificial. Quando ocorre e eclosão dos ovos, normalmente no período noturno, as pequenas tartarugas se guiam para o mar pela luz da lua. Porém, quando existe muita iluminação artificial próximas às praias, os filhotes acabam indo na direção oposta do mar, aumentando o risco de predação e atropelamento nas vias.

Outra ameça é a captura acidental em pescarias costeiras e oceânicas. Têm aumentado o índice de captura acidental, levando ao aumento no número de mortes desses animais.

As tartarugas capturadas em redes morrem por afogamento, já que possuem respiração pulmonar e eventualmente precisam emergir na superfície para respirar. Além disso, as redes podem causar mutilações e a ingestão de anzóis aumentam o risco de morte.

Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) presa em rede de pescadores. Foto: Divulgação.

Infelizmente, é comum encontrarmos tartarugas sem uma ou duas nadadeiras. Embora se adaptem e consigam ter ainda certa condição de vida, esses animais mutilados são os mais propensos a serem predados. Ou seja, mesmo eventualmente escapando das redes, elas ainda continuam sob risco de morte. Hoje em dia os pescadores são orientados pelas ongs sobre como proceder em casos assim para poder ajudar as tartarugas.

A ameça mais conhecida por todos é poluição marinha, causada por elementos orgânicos, como petróleo e esgoto e por diversos compostos artificiais encontrados no lixo, como uma infinidade de tipos de plásticos e metais.

A poluição interfere diretamente na alimentação e locomoção e prejudica o ciclo de vida  destes seres. Há vários registros de morte por sufocamento por ingestão de material de plástico, como sacos de lixo, cordas de Nylon, barbantes, tampas de garrafas e outros resíduos que podem ser confundidos com alimento, principalmente em áreas onde as águas são mais turvas.

Lixo encontrado no estômago de tartaruga. Foto: Divulgação.

Além disso, há também o estrangulamento de membros que pode ocorrer não só com as redes de pesca mas com qualquer outro material plástico, como por exemplo lacres.

Tubo plástico sendo removido do nariz de uma tartaruga. Foto: Divulgação.
Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) que teve seu corpo deformado por um lacre e tartaruga-verde (Chelonia mydas) mordendo sacola plástica. Foto: Divulgação.

Doença

Agora, a ameaça mais nova registrada é a fibropapolomatose, que é uma das maiores ameaças a conservação das tartarugas da tartaruga verde (C. mydas), apesar de já serem registradas em todas as espécies de tartarugas marinhas.

Trata-se de uma doença infecciosa, debilitante e que pode levar a morte, caracterizada por múltiplas massas de tumores cutâneos  de 0,1 cm a 30 cm em diâmetro, geralmente localizados em todas as partes moles, com uma evidencia maior nas nadadeiras anteriores, olhos e pescoço.

Em algumas bases de pesquisas e proteção, em casos viáveis, os animais são encaminhados para cirurgia e retirada dos papilomas. Mesmo existindo uma evidência convincente de que é uma etiologia viral, outros fatores que incluem, suscetibilidade genética, carcinógenos químicos, contaminantes ambientais, biotoxinas, imunossupressão e luz ultravioleta podem ter um papel na origem da fibropapilomatose.

Tartaruga-verde (Chelonias mydas) com fibropapilomatose. Foto: Projeto TAMAR.

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Izabela Coelho
Izabela Coelho
Bióloga, especialista em Perícia Criminal, mestranda em Saúde e Desenvolvimento na região do Centro-Oeste com interesse em biologia marinha e conservação da biodiversidade.
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