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Podemos viver de forma sustentável?

Habitar. Palavra que tem origem no latim habĭto e significa: morar, residir, ocupar, povoar, permanecer, estar presente.

Conceito que é básico na ecologia, passa a ser mais complexo quando se trata da nossa própria espécie. Ao longo da história da nossa civilização, providenciamos abrigos para nos protegermos contra a chuva, vento, variações de temperatura, ataques de animais e de outros seres humanos, que vão desde cavernas, folhas, barro, gelo, até as modernas estruturas cimentadas que chegam a centenas de metros de altura.

Porém, esse crescimento e modernização, em grande parte desordenados, capacitaram o homem a vencer, domar a natureza, criando espaços artificiais que, como exemplo, aterraram e desviaram rios, asfaltaram terras, eliminaram outros seres vivos e poluíram o ar.

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Claro que muita coisa boa foi criada, mas junto com interessantes inovações, a ganância, ignorância e falta de planejamento foram responsáveis pelo caos das grandes metrópoles observadas atualmente. Nas palavras de Reinaldo Canto, jornalista especializado em sustentabilidade e professor de Gestão Ambiental:

“o progresso a qualquer custo tem negligenciado o ser humano, e construções sustentáveis tentam resgatar essa dívida”.

É com isso em mente que nas últimas décadas foram surgindo movimentos povoados de boas intenções na tentativa de fazer com que nosso modo de “habitar” prejudique cada vez menos o meio ambiente. Parte dessas ideias, incentivadas a algum tempo, são as fontes renováveis de energia, como a solar e eólica, já que o setor da construção civil é responsável por 40% das emissões dos gases de efeito estufa do planeta.

Outra forma de suavizar nossos impactos é atualizar os materiais de construção. Ainda pensando nas energias renováveis, uma equipe do Instituto de Ciência e Tecnologia Daegu Gyeongbuk, na Coreia do Sul, criou um material mecanoluminescente que combinado a minúsculos tubos de plástico, resulta em luz branca quando estimulado, no caso, pelo vento. A tecnologia ainda não existe fora dos laboratórios, mas promete se tornar um grande avanço quando puder ser aplicada em fachadas, sinalizadores de edifícios, etc., permitindo uma enorme diminuição nos impactos provocados pelo uso de energias tradicionais.

Tubos de plástico mecanoluminescentes. Foto: Divulgação.

 A Precon Engenharia, de Minas Gerais, após exaustivas pesquisas, também modernizou seus materiais. A empresa criou a Solução Habitacional Precon (SHP), tecnologia que agrega o uso de fôrmas metálicas, blocos cerâmicos em dimensões padronizadas, concretagem automatizada e elementos pré-fabricados, entre outros materiais modulares, reduzindo em até 81% os resíduos em relação às obras de construção convencionais e facilitando o processo de construção.

Além disso, moradias inteiras já vêm sendo projetadas de forma mais sustentável. Como exemplo, já em funcionamento em Milão, na Itália, o ‘Bosco Verticale’ é a primeira floresta vertical do mundo criada pelo homem. As duas torres residenciais abrigam mais de vinte mil plantas, que em terreno plano equivale, em quantidade de árvores, a uma área de 7000 m² de floresta. O sistema vegetal em plena metrópole auxilia na construção de um microclima, produz umidade, absorve CO2 e partículas de poeira, produz oxigênio e aumenta a biodiversidade local. Segundo o arquiteto responsável, Stefano Boeri, “o Bosco Verticale é uma contribuição a um novo “relacionamento” entre a natureza, a arquitetura e o homem”.

Edifício Bosco Verticale. Foto: Divulgação.

É verdade também que mais do que o crescimento das construções ‘ecologicamente corretas’, será preciso uma nova visão que pense as atuais cidades e as futuras, de modo a priorizar uma maior integração com o meio ambiente e o uso racional de todos os recursos disponíveis. Assim, esses são só alguns exemplos do cenário arquitetônico que nos aguarda daqui pra frente: belo, inovador, viável e, mais importante, sustentável.

Bosque vertical em Milão, Itália, com espécies específicas que mantém o prédio “vivo” em todas as estações. A discrepância entre os modernos prédios florestados e o antigo centro de Milão.

Quer saber mais?

BOERI, Stefano. VERTICAL FOREST. Disponível em: <http://www.stefanoboeriarchitetti.net/en/portfolios/bosco-verticale/>. Acesso em: 06 jan. 2017.

SILVA, F. Collazzo et al. Emissão de CO2 na Construção Civil. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 5, n. 1, 2013.

Nathália Silva
Nathália Silva
Acadêmica de ciências biológicas pela UFV. Tem interesse e atua na área da ecologia vegetal, recuperação de áreas degradadas e educação ambiental. Atualmente envolvida em um projeto sobre a diversidade da bacia do Rio Doce e os problemas causados pelo desastre de Mariana.
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