Os cientistas acabam de ter uma visão sem precedentes e inesperada do funcionamento interno dos tigres da Tasmânia (também conhecidos como tilacinos), predadores marsupiais que foram extintos no início do século XX.
Eles conseguiram isolar e sequenciar o RNA de uma amostra de tigre da Tasmânia armazenada em temperatura ambiente em um museu em Estocolmo desde 1891, conforme estudo publicado na Genome Research.
A equipe usou os dados para construir bibliotecas de genes expressos ativamente, chamados transcriptomas, na pele e nos músculos do animal, revelando as proteínas produzidas dentro desses tecidos quando ele morreu.
O fato de os cientistas terem conseguido obter RNA utilizável, sem falar no volume que obtiveram, é surpreendente, porque se pensava anteriormente que o RNA seria destruído em questão de dias se não fosse mantido frio e protegido de enzimas que o degradam.
Agora, essa descoberta sugere que os espécimes de museu, armazenados em temperatura ambiente, podem apresentar material genético em bom estado de conservação e ter muito mais a ensinar aos biólogos do que se acreditava anteriormente.
E a informação especificamente sobre os tilacinos poderia ajudar nos esforços para trazer de volta a espécie, embora os autores do estudo tenham afirmado que esse não era o objetivo do trabalho.
Ainda assim, a capacidade de extrair, sequenciar e analisar RNA antigo pode impulsionar os esforços de outros cientistas para recriar espécies extintas.
Além disso, a recuperação de RNA de vírus antigos também poderia ajudar a decifrar a causa de pandemias anteriores. E isso se aplica à vários outros contextos, situações e organismos.
“Embora continuemos céticos sobre a possibilidade de realmente recriar uma espécie extinta usando a edição genética em parentes vivos de animais existentes, defendemos mais pesquisas sobre a biologia desses animais extintos”, disse o autor.