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Por um mundo sem ecochatos e ambientalistas

Eu sonho com um mundo sem ambientalistas e ecochatos, sabia? Creio que estou fazendo algo para que um dia isso realmente possa acontecer, assim como você. Na verdade, acredito fielmente que vai acontecer, mas levará certo tempo. Não precisamos de ambientalistas. Não precisamos de ecochatos. Essas pessoas se preocupam, dedicam e arriscam suas vidas por algo sem sentido. Chega a ser ridículo ver como estão tão empenhadas em causas que não deveriam existir. Ridículo no sentido do problema pela qual lutam para solucionar, não no trabalho que fazem.

Nossos recursos naturais estão se esvaindo, mudanças climáticas previstas estão causando efeitos ainda mais intensos em diferentes regiões do planeta. Ainda assim, não precisamos de ambientalistas, muito menos de ecochatos. Não precisamos porque é patético termos de lutar para conservar a nossa própria casa. É estúpido e grosseiro demais lutar para que o mundo seja melhor. Não precisaríamos fazer isso se fôssemos simplesmente racionais. É por isso que digo que não há sentido e é ridículo termos de nos organizar para lutar contra a pressão de pessoas estúpidas que massacram a vida na terra. É horrendo saber que algumas centenas de indivíduos bilionários e tão medíocres possam causar tamanha desgraça ao nosso planeta.

O que diabos está acontecendo conosco? Qual é o limite entre a inteligência, que gostamos de gabar, e a irracionalidade? Cite-me um exemplo de espécie tão burra quanto a nossa, que destrói tudo à sua volta para construir e viver de coisas artificiais. Aos mesmo tempo em que somos únicos por vantagens evolutivas, somos únicos pela estupidez também. É insano ver que destruímos paisagens magníficas, milhares de vidas, inclusive vidas humanas, a troco de nada. Nos tornamos criaturas grotescas, primitivas, atrasadas em termos de consciência. Eu simplesmente não consigo aceitar que bilhões de anos de evolução resultaram em uma espécie extremamente egocêntrica obstinada a acumular coisas.

Estamos ignorando, há centenas de anos, nossos instintos naturais. Perdemos a conexão que tínhamos com a terra. Uma criança, hoje em dia, não sabe o que é brincar e se sujar de barro e duvido que saibam subir em uma árvore. Tudo o que resta neste momento são bilhões de pessoas obstinadas a trabalhar a vida inteira para acumular bens, repassando essa concepção de vida ridícula às suas proles.

Fazendeiros e grandes empresas exploram suas propriedades até não restar mais um grão de terra fértil e uma gota de água potável. Insatisfeitos com o que já acumularam e para inflar ainda mais o ego em busca pelo poder, buscam outras formas de converter a vida do planeta, a própria casa, em bens materiais – nada. Como podem ser tão cegos? Como podem ser tão irracionais?

Eu sonho com um mundo sem ambientalistas e ecochatos pois espero que possamos realmente ser inteligentes para preservar nossos recursos e usar a nossa preciosa terra de maneira sábia. Em um mundo cheio de harmonia, paz e amor, não há necessidade de lutar por causas ambientais.

Porém, mudanças não acontecem de repente. Logo, precisamos passar por um gradual processo de transformação. Mas não adianta criarmos leis ambientais, falarmos de sustentabilidade e investirmos bilhões em pesquisas e ações que visem reduzir impactos, se a maioria das pessoas vai continuar pensando em acumular bens. Não adianta simplesmente reduzir o número de bilionários que usam a terra de forma insana, pois outros gananciosos rapidamente substituiriam seus lugares. Nesse sentido, para alcançarmos o sonho de viver em um mundo sem ambientalistas e ecochatos, é preciso haver uma transformação gigantesca na mente das pessoas. Elas precisam entender os motivos pelos quais estão vivas e qual a razão de fazerem o que fazem, o que extrapola os limites de suas crenças ou religiões. Elas precisam entender que bens materiais são necessários mas que isso não deve ser a razão pela qual elas viverão. Elas precisam saber que viver é muito mais que ter. É ser. É ser uma pessoa que respeita a natureza e as outras pessoas. É ser uma pessoa que se preocupa em construir conhecimento para extrapolar qualquer padrão social imposto.

Nós não somos o nosso corpo. Não somos a casa linda que queremos ter. Não somos o carrão do ano que sonhamos. Não somos as roupas de marca que desejamos comprar e muito menos somos as viagens que queremos tanto fazer. Nós simplesmente somos animais, seres que evoluíram neste planeta. Nós somos parte desta terra, não devemos nos colocar sob um pedestal e ver as coisas de cima, como se tudo fosse feito para que pudéssemos usar como bem entendermos. Não há nada de errado em ter bens, mas os bens precisam ser usados com sabedoria, para que atendam nossas necessidades e nos permitam viver melhor, o que é diferente da ostentação e status social que a maioria parece procurar.

Para vivermos em um mundo cheio de harmonia e sem ambientalistas clamando aos gananciosos por respeito e compaixão, precisamos entender o sentido de nossas vidas. Nossos bilhões de neurônios nem precisam trabalhar muito, pois é intuitivo pensar em como poderíamos viver bem e respeitar nossa casa. Não é verdade? Então, não custa nada parar e refletir sobre o que você está fazendo da sua vida, qual será a marca que você deixará aqui e o que seus filhos poderão aprender com você. A maioria das pessoas deixa marcas de destruição, apenas – dinheiro e filhos treinados a repetir a mesma coisa. É insano. Podemos deixar marcas como a compaixão, o respeito, o conhecimento, e tantas outras coisas boas, mas as pessoas só querem deixar dinheiro, que gastaram a vida inteira para juntar. Não sei você, mas para mim, mais vale morrer e deixar algumas pessoas felizes com alguma coisa que puder ensinar ou fazer por elas, do que deixar bens materiais. Afinal, novamente questiono, qual é o sentido de viver para acumular coisas?

Porém, não adianta nada sonhar com um mundo feliz e em harmonia, se você exige que seu filho faça uma ‘faculdade que dê dinheiro’. É exatamente com este tipo de pensamento que os gananciosos chegaram ao poder e continuam diariamente destruindo tudo, para ter mais dinheiro. Oras! É insano desejar uma mudança na sociedade se continuamos replicando o estilo de vida atual aos nossos filhos. Chega disso. Precisamos inovar, deixar esses padrões e concepções idiotas para trás e seguirmos rumo ao coletivismo, cooperativismo, e tudo quanto é ismo que nos faça ser mais humanos.

O futuro da humanidade depende de cada um de nós. Ou mudamos como um todo, inclusive influenciando nossos filhos, ou não há sentido lutar por um mundo melhor. Se queremos mesmo viver bem, sem ecochatos e ambientalistas doando suas vidas por um problema que não deveria existir, devemos SER mais do que TER. Este é um exercício árduo, mas lentamente acredito que vamos alcançar a harmonia entre os povos e vamos nos envergonhar por nosso passado, onde pessoas chamadas de ambientalistas e ecochatos morriam tentando lutar contra a imbecilidade e a gigantesca arrogância e prepotência dos gananciosos.

Você também sonha com um mundo assim?

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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