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Erros que podem destruir a sua carreira na biologia

Acreditar que o diploma, por si só, te faz um profissional

Muita gente acha que concluir a graduação automaticamente nos torna profissionais.

Errado! E eu vou dizer os motivos.

A biologia no Brasil é um curso de formação generalizada, onde você irá aprender desde biologia molecular e química orgânica, até evolução, ecologia e perícia criminal. Logo, ao concluir a graduação você será simplesmente uma pessoa com diploma na parede, mas que não faz ideia do que fazer com tanta informação distinta parcialmente assimilada nos últimos anos.

É super normal estar nessa condição e não quero que se julgue. A maioria de nós fica perdida e sem certeza de qual área seguir. Raríssimos são os que passam a graduação inteira interessados em um único tema. E estes, por sua vez, possivelmente são estudantes com perfis de pesquisadores, focados no desenvolvimento científico. Logo, é natural que sigam para o mestrado e doutorado e posteriormente se tornem docentes e pesquisadores de alguma instituição de ensino.

Todavia, muitos estudantes, especialmente os que não querem seguir carreira científica, começam a se frustrar em função da cobrança excessiva de parentes, e até mesmo a auto-cobrança, para que se faça valer os 4 anos ou mais de estudos por meio de um bom emprego.

Isso nunca vai acontecer, afinal, uma pessoa recém-formada, que estava há menos de um ano no estágio da graduação, não sabe fazer nada relevante que o mercado absorva.

O recém-formado é uma pessoa com diploma, e não um profissional. E quando digo isso me refiro ao perfil de profissional que o mercado busca.

A profissionalização de um diplomado – se é que posso chamar assim – vem só depois do desenvolvimento de novas habilidades e da experiência em uma determinada área.

É justamente por isso que existem os programas de Trainee nas empresas. Trainee é um nome bonito para “estágio remunerado de diplomados”. Nesse caso, as empresas reconhecem que os profissionais recém-formados não dominam tema algum e são inexperientes. Logo, oferecem esse tipo de programa para treinar e selecionar os que de fato tem perfil e querem aprender mais e se desenvolver nas áreas foco da empresa.

E é por aí o caminho.

É normal querermos endeusar o diploma, afinal, ele foi uma conquista e tanto. Mas ele, por si só, não nos dá o status de “profissional”.

O quanto antes você entender que vai sair cru da graduação, sem manjar de absolutamente nada relevante, e que seu diploma não tem muita serventia, a não ser ficar pendurado bonitinho no seu quarto, melhor será para o seu desenvolvimento profissional.

Ser desinteressado por assuntos que envolvem estratégia, planejamento e vendas

Aproveitando o gancho sobre o diploma, reforço aqui algo que a maioria dos biólogos nunca nem viu: disciplinas ao longo da graduação sobre desenvolvimento de carreira, que tratem da nossa atuação profissional e que nos ensinem a desenvolver estratégias, planejamento e técnicas de vendas para que possamos fazer dinheiro com tanta informação teórica que nos foi dada.

Como não temos disciplinas assim – sequer empreendedorismo na grade curricular – é normal que a maior parte dos estudantes não demonstre interesse por esse tipo de tema. E até aí, tudo bem. Afinal, você escolhe um curso pensando em ganhar dinheiro com o conhecimento obtido, mas sua universidade deixa de te ensinar a vender o que aprendeu.

Mas agora já era. Você acabou de sair da zona de vítima para a zona de protagonista da sua carreira. E eu estou dizendo que é indispensável para o seu crescimento profissional o desenvolvimento de habilidades em estratégia, planejamento e vendas. Uma vez que você leu isso, não pode mais ignorar.

A sua universidade errou em não te ensinar a ganhar dinheiro com o que sabe. E você? Vai fazer o que com isso agora?

“Ah, Guellity! Mas como eu vou aprender isso? Quem vai me ensinar?” Se perguntou algo nesse sentido, né?

Pois bem.

Primeiro, ninguém tem que necessariamente estar presente, perto ou na tua frente para te ensinar algo. Esqueça sentar numa carteira, na frente de um professor, como método principal de aprendizado.

Segundo, é para isso que existe Google, Youtube e Redes Sociais [aprendo pra caralho com empreendedores que sigo no Insta, por exemplo].

Terceiro, existem incontáveis livros sobre os temas citados. Eu, particularmente, considero os livros os alicerces do que construí e de tudo que pretendo construir até o fim da vida.

Entenda que isso é fundamental.

Agora, vá aprender a planejar uma carreira e a vender o que sabe.

Não pensar em conexões e não fazer contatos de forma inteligente

Esse é, sem dúvida, um gigantesco erro que pode definitivamente acabar com todos os seus esforços para se desenvolver na biologia.

Sem contatos você não faz nada. Não aprende, não encontra oportunidades e fica estagnado para sempre.

O ato de construir uma rede de contatos relevantes para o seu desenvolvimento profissional tem nome: Networking, do conceito americano de Network – que se resume a uma rede de contatos importantes.

Uma boa network é o que fará você crescer e alcançar o que deseja em sua carreira como bióloga(o).

E não é nada difícil construir uma. Envolve simplesmente exposição.

Se exponha, saia do casulo e vá atrás. Participe de eventos, feiras, lives, acompanhe redes sociais, youtube, blogs, fóruns, etc e busque conversar com pessoas que estão fazendo coisas que você quer aprender a fazer.

Seja humilde, diga que está interessado em aprender e gostaria de conversar. Peça dicas, conselhos, orientação. Procure saber quais caminhos evitar e quais focar. Esteja aberto.

Comece a fazer isso, com comprometimento e real interesse, que muitas oportunidades irão surgir e você vai dar um salto gigante rumo ao que tanto busca.

Desinteresse em explorar outras áreas que não tem afinidade

Você acha que gosta de alguma área, mas isso pode não ser verdade.

Muitos acabam criando uma ilusão de ‘área perfeita’, idealizando demais algo que muitas vezes sequer existe no mercado. Posteriormente, acabam quebrando a cara por se fecharem para outras áreas que não tem afinidade.

Quem é que disse que as áreas que você curte obrigatoriamente tem que dar dinheiro? Quem decide o que dá ou não dinheiro são as demandas do mercado.

A realidade é que temos apenas 2 caminhos:

Ou aprendemos a criar uma demanda e nos tornamos craques em vendas, para oferecer um produto ou serviço que esteja diretamente relacionado à área que amamos, ou nos adaptamos às demandas do mercado, aprendendo a gostar de novas áreas que nunca havíamos parado para explorar mas que são conhecidamente rentáveis.

Percebe? Mais cedo ou mais tarde você terá que encarar coisas que não curte. Faz parte.

Para você aprender a viver do que ama, você inevitavelmente vai ter que aprender a fazer coisas que nunca antes imaginou.

Não conheço ninguém bem sucedido e realizado na biologia que nunca fez coisas que não tinha afinidade e que não gostava. Duvido você encontrar.

Isso vale pra você aí que acha que biólogo não tem que saber vender, não tem que manjar de marketing, negócios, finanças. Continue assim pra ver onde é que a biologia toda vai parar.

Acreditar que a biologia é uma profissão especial

Você não é especial por ter escolhido a biologia como carreira. A biologia é uma profissão como qualquer outra e tem um papel social e econômico – quer queiram os biólogos ou não.

Tem muita gente que faz da biologia um estilo de vida, uma forma de viver, como se dinheiro nunca fosse importante como de fato é. E está tudo perfeitamente bem uma pessoa decidir viver desta forma. Só não pode reclamar depois que não existem oportunidades e que somos desvalorizados.

Quem vai fazer a profissão ser valorizada é quem está diretamente ligado ao mercado, e não quem quer viver só no modo good vibes culpando o capitalismo por tudo, como se nós fossemos os únicos profissionais que se importam com o futuro do planeta.

Não é bem assim. Não temos que endeusar nada. Temos é que cumprir nossa função social como profissionais, seja no desenvolvimento científico ou na venda de produtos e serviços nas áreas que legalmente podemos atuar.

Falar mal da profissão de forma errada e não apoiar o Conselho Federal de Biologia

Eu confesso que eu já reclamei da biologia em alguns momentos após a graduação. Eu já culpei o meu diploma. Já fui um grande terceirizador de responsabilidades. E é justamente isso que eu peço que você não seja.

Eu construí esse blog ainda no segundo ano da faculdade para justamente fazer com que mais pessoas escolham biologia e se desenvolvam na profissão que tanto amam. E é por isso que eu continuo aqui, escrevendo para vocês, sendo amado por alguns e odiado por tantos outros.

Independentemente de tudo, eu enxerguei que a mudança que eu quero ver acontecer na profissão vem única e exclusivamente de mim. Sou eu quem devo me posicionar, buscar me desenvolver, lutar por oportunidades e oferecer serviços e produtos ao mercado que possam gerar valor e agregar mais reconhecimento à minha profissão e às atividades que desempenho como biólogo e empresário.

Eu sei que a biologia é uma profissão mal estruturada e que precisa de uma gigante mudança, principalmente curricular.

A maior parte das pessoas culpa o Conselho Federal de Biologia pelo pouco reconhecimento de nossa profissão, mas quem devemos realmente criticar são os cursos de graduação. É de lá que saímos e fomos moldados. O CFBio e até mesmo os CRBios não tem nada a ver com isso.

Então, se você está frustado na biologia, faça uma boa análise da sua grade curricular e pare de ignorar o fato que foi lá, na graduação, que você NÃO aprendeu vender seu conhecimento e a viver do que estudou.

Temos que nos unir para apoiar nosso conselho e todos os conselhos regionais.

Chega de reclamar da profissão sem de fato colocar a mão na massa, sem deixar a zona de conforto. Chega de terceirizar as responsabilidades. Onde acha que vamos parar se continuarmos a cuspir no prato que comemos?

Entenda que você é unicamente responsável pelo seu sucesso [ou fracasso]. E se tiver que questionar e criticar algo, que seja o seu curso de formação, que nunca abordou o tema DINHEIRO e CARREIRA.

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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